Pedro estava na casa de Simão, um curtidor. Num certo dia,
enquanto lhe preparavam uma refeição, ele subiu ao terraço para orar e caiu em
êxtase. Ele teve uma visão na qual vários tipos de animais apareciam e uma voz
lhe dizia para comê-los. Mas reconhecendo a impureza de alguns animais, Pedro
se recusa. Mas Deus lhe diz por três vezes: “Não chames impuro o que Deus
declarou puro” (Atos 10,11-16).
Imediatamente pensamos que a visão de Pedro trata tão
somente sobre a pureza dos alimentos ou se refere a qualquer discussão
relacionada ao seguimento das restrições alimentícias contidas na Lei mosaica.
No entanto, os acontecimentos seguintes nos dão uma outra dimensão dessa visão.
Depois desse evento, Pedro seguiu para a casa do centurião
Cornélio. Um encontro programado por Deus e que revela um sentido mais amplo da
visão do Apóstolo. Havendo Cornélio se jogado aos pés de Pedro, este porém o
reergueu dizendo: “Levanta-te. Eu também sou apenas um homem.” E logo depois
Pedro afirmou: “Vós sabeis que é absolutamente interdito, um judeu
relacionar-se com um estrangeiro ou entrar na casa dele. A mim, porém, Deus
acaba de mostrar que a nenhum homem se deve chamar profano ou impuro.” (At 10, 28)
Vê-se que o próprio Pedro entendeu que sua visão não se
referia exatamente à pureza alimentícia, mas às distinções entre as pessoas. Deus
o mostrou que o simples fato de ser judeu não significaria uma posição mais
elevada, ou melhor, aos olhos do Senhor. E Pedro ainda disse mais: “Verifico
que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e
pratica a justiça, lhe é agradável.” (At 10, 34-35)
Pedro testemunhou a ação do Espírito Santo sobre os gentios
e comunicou tudo o que ocorrera aos demais apóstolos e irmãos da Judeia. Mesmo
tendo ficado surpresos, eles reconheceram que “os gentios também haviam
recebido a palavra de Deus”. Terminado o relato do Apóstolo eles tranquilizaram-se
e glorificaram a Deus dizendo: “Deus, portanto, concedeu também aos gentios a
conversão que conduz à vida!”
Eles compreenderam a amplitude universal do amor de Deus, do
Evangelho, da Igreja.