segunda-feira, 30 de julho de 2012

O ESPELHO DA VERDADE



1Coríntios 13,12: “Porque agora vemos como em espelho, obscuramente; então veremos face a face. Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido.

Ao descrever “o caminho sobremodo excelente” o apóstolo Paulo deixa evidente que o amor é meio pelo qual o cristão deve pautar sua vida. É através do amor que todos os dons devem ser exercidos. Na verdade, nenhuma de nossas ações, por mais bondosas que sejam, terá qualquer valor se não estiverem fundamentadas no amor.

É claro que Paulo se refere ao amor sublime, o amor ágape, o amor divino. Nós o conhecemos em Cristo. Deus nos mostrou o seu amor ao entregar o seu Filho amado para que nós tivéssemos a vida eterna.

Ao escrever sobre o amor Paulo também tratou a respeito do processo de deformação que sofremos ao longo do tempo. Um dia nós falávamos e pensávamos como crianças; ingenuamente acreditávamos no amor de nossos pais e que eles cuidariam de nós. Mas depois que crescemos tudo o que era próprio da criança desapareceu.

Já não cremos com a mesma força, não nutrimos a esperança de que alguém possa nos amar. Então adoecemos e vamos sobrevivendo do jeito que der. Olhamos para o espelho e a imagem que lá está é a figura deformada de nosso ego. Vemos obscuramente um rosto distorcido pelo pecado. Mas Deus tem algo mais a nos mostrar, a imagem de seu Filho.

Havendo Jesus nos alcançado procuremos a imagem de Cristo em nós, cuja restauração Ele vem promovendo. Pois só nos resta buscar o estado de perfeição, a medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4,13).

domingo, 22 de julho de 2012

CONVIVENDO COM O MAL


“Resista ao diabo e ele fugirá de você” Tiago 4,7

Há quem queira uma cura para todo o mal do mundo. Há quem afirme que isso não é possível e, como não podemos aniquilá-lo, só nos resta conviver com mal. Mas de que modo?

Somos capazes de percebê-lo principalmente quando se apresenta na forma de ações. No entanto, o mal pode exercer uma influência sutil, que não percebemos inicialmente, mas que certamente dará maus frutos; para a nossa infelicidade.

É preciso ficar atento à vida, atento ao Cristo, é preciso ser sóbrio e vigilante, pois o adversário está à nossa cola querendo nos derrubar (1Pe 5,8). No entanto, não há motivo algum para pânico, pois o apóstolo Tiago nos ensina como lidar com o mal ou com a personificação dele. Resista ao diabo e ele fugirá de você (Tiago 4,7). Este é um versículo muito popular e muito aplicado às diversas situações em que somos tentados.

Mas será que isto é assim tão simples? Não, eu diria que é ainda mais simples. Já ouvi repetirem este versículo até à exaustão, mas, do modo como apareceu, ele não passa todo o recado. Está incompleto.

“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós”; aí está a Palavra completa. Desse modo é ainda mais simples vencer o mal, pois não se trata de superá-lo pelas próprias forças, mas de surpreendê-lo pela submissão àquele que é o Todo Poderoso.

Se nossa submissão não for completa nossa comunhão em Cristo também não será. E o mal poderá nos vencer. No combate diário contra o mal nossas vitórias serão contadas a partir da sujeição a Deus. Esta começa e permanece através de duas práticas muito simples: oração e meditação na Palavra. Então já chega de meias palavras.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

ILUSÃO E TEATRALIDADE



Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o diabo anda em derredor, rugindo como o leão, buscando a quem possas tragar.” (1Pe 5,8)


Para quem mora nas cidades sempre há várias opções de lazer, seja fora de casa ou dentro de casa. Teatro, cinema, televisão, internet, vídeo game, quanta coisa para nos distrair. Somos a sociedade do entretenimento, e isto é compreensível haja vista o estresse diário ao qual somos submetidos. No trabalho, em casa, na rua, geralmente enfrentamos situações que consomem nossas energias e nos deixam tão desgastados que só queremos fugir. É neste momento que entram em cena as opções de escape da realidade.

Não há nada de errado em divertir-se ou buscar entretenimento. O problema surge quando ficamos tão absorvidos pelas distrações a ponto de nos alienarmos de nós mesmos, do nosso próximo e do mundo. Na verdade o pior é alienar-se de Deus. Pois é Ele quem promove nosso bem-estar à medida que nos relacionamos com Ele.

Ao contrário do que se pensa, o cristianismo não é uma religião alienante. Não é uma religião de fuga da realidade, mas de enfrentamento da mesma. Jesus Cristo nos deu uma nova vida, de saúde e libertação do pecado, de modo que temos os meios para superar os sofrimentos que o mundo nos causa (João 17).

Manter a vigilância não é um mero conselho, mas é uma qualidade que compõe a vida cristã. A imagem do bom pastor demonstra isso; atento às ovelhas e vigilante ao que lhe cerca, é um modelo a ser imitado. Não deixemos que as ilusões do mundo ou sua teatralidade nos distanciem do nosso Senhor. Lembremos do conselho do Bom Pastor: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Na verdade espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26, 41).






segunda-feira, 9 de julho de 2012

REMOVER PARA RENOVAR




É comum disfarçarmos nosso relaxamento moral com a humildade. Explico, nos desculpamos por não buscarmos a santidade reafirmando que somos pecadores. No final das contas estamos apenas dando de ombros e repetindo o mote: as coisas são assim mesmo. Então facilmente vemos o relaxamento se transformar em estagnação, simplesmente paramos a vida. Adoramos cantar: “Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...”


Contraposta a esta postura está a evangélica. Em Cristo temos a oportunidade de sermos transformados, de aperfeiçoados e amadurecermos. É a obra que Deus iniciou em nosso viver por meio de Cristo e que devemos continuar.

É como nos diz o apóstolo Paulo: “Não andeis mais como andam os demais gentios, na futilidade dos seus pensamentos, com o entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus pela sua ignorância e pela dureza dos seus corações.” (Efésios 4,17-18).

Não há como ficar parado ou continuar a se desculpar por não cumprir a vocação para qual todos fomos chamados. Pois se realmente ouvimos a Cristo, nele fomos ensinados a remover o nosso modo de vida anterior, isto é, o velho homem que se corrompe ao sabor dos enganos. Assim fomos ensinados a renovar-nos pela transformação espiritual da nossa mente, construindo uma nova pessoa criado segundo Deus para viver imitando a Jesus Cristo (veja Efésios 4,21-24).

Se queremos uma vida renovada é necessário remover tudo o que há do velho homem.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO

Em tempos de pluralismo e afirmação de identidades religiosas, é possível enxergar uma certa timidez da parte de cristãos. Cedendo às pressões sociais alguns se calam e até parecem ficar constrangidos em afirmar a própria fé. Isto tem afetado principalmente os mais jovens, que preferem manter em anonimato a fé cristã para não serem tidos como idiotas, ignorantes ou algo parecido. É verdade, o crente também sofre preconceito.

Também é nosso direito afirmar a fé em Cristo. Na verdade temos a obrigação de anunciar a Boa Nova, a Salvação em Cristo, o amor de Deus por todos e também o arrependimento dos pecados.

Ao anunciar a fé em Cristo, o Apóstolo Paulo acabou proclamando uma definição para Evangelho: “Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.” (Romanos 1, 16)

Sem receio ou vergonha é urgente que anunciemos o Evangelho e tenhamos bom ânimo, ainda que venham obstáculos à missão, pois Jesus venceu o mundo (João 16,33).

DEIXANDO-SE GASTAR

“Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais seja menos amado.”
2 Coríntios 12,15

É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem: “Eu não me desgasto mais com isso”. Ninguém quer se desgastar com nada, por isso ninguém quer se comprometer com nenhum assunto a fim de evitar qualquer desgaste. Tentamos evitar o inevitável, pois eventualmente todos nós, necessariamente, encontraremos situações de conflito. É como se fosse possível viver uma vida sem ter nenhum arranhão. Simplesmente impossível!

Ao evitarmos essas situações evitamos também as pessoas. Na verdade, são elas que nós evitamos, as pessoas. No entanto, é justamente ao encontro delas que devemos ir, pois o chamado de Cristo é que proclamemos o Evangelho a toda criatura (Mc 16,16). ora não é possível cumprir a vontade de Deus e o chamado de Cristo evitando-se as pessoas. Não é possível viver esta responsabilidade se carregamos sempre o receio de nos aborrecermos.

O apóstolo Paulo em sua atuação missionária mostrou-nos um profundo, e verdadeiro, compromisso com a missão dada a ele por Deus. Pregando o Evangelho, apesar dos pesares, suportando todos os sofrimentos (Fp 4,13) e entregando-se por completo a Cristo.

Escrevendo à igreja de Corinto, em poucas palavras, Paulo parece resumir uma disposição cristã, que deve sem dúvida ser também a nossa. A disposição para amar. É o amor que se realiza não pela nossa virtude, nem pelas qualidades do outro, mas que se realiza pelo poder de Deus em nós. Porque o Espírito nos empurra a amar.

Mesmo sofrendo acusações e duras críticas em relação ao seu ministério, Paulo reafirma o amor àqueles irmãos ao dizer que, de boa vontade, se gastaria e se deixaria gastar. Não importava o que aconteceria, não importava o que eles fariam ou afirmassem, o amor não mudaria. Este é o amor de Deus revelado em Cristo, pois ainda que amemos a Deus cada vez menos Ele continuará a nos amar cada vez mais.

Imaginem que tragédia seria, se Jesus resolvesse não se desgastar.


O QUE É ACEPÇÃO DE PESSOAS


Frequentemente ouvimos na igreja a frase: “Deus não faz acepção de pessoas”. No entanto, este e outros temas da fé, ainda que muito batidos, não são devidamente entendidos. Uma palavra que quase nunca usamos: acepção, isto é, sentido, significado, interpretação, entendimento, compreensão. Veja que estes significados não clarificam a expressão, pois será que “Deus não faz interpretação de pessoas”?

Por força do uso sabemos que, quando se refere a pessoas, a palavra acepção quer dizer escolha, predileção por alguém. Mas será que Deus não tem predileção por ninguém? Será que Deus não escolhe ninguém? É claro que não ficamos à vontade em declarar que Deus concede privilégios a uns e não a outros, mas este é outro problema.

Quanto à expressão: “Deus não faz acepção de pessoas”, o sentido dela é que Deus não leva em conta a aparência ao julgar. Ainda que esta célebre frase apareça em diversas partes da Bíblia com certas variações, quando Paulo escreve aos Gálatas (Gl 2,6) a interpretação aqui apresentada é certa pelas palavras gregas usadas e sobretudo pelo contexto.

Paulo fala a respeito de irmãos em Jerusalém que eram tidos como “notáveis”, mas que nada lhe acrescentaram. Na verdade ele nem se importava com isso, pois para Deus não a aparência não é nada.
Que para nós a aparência também não importe, mas que aprendamos a ver Cristo no próximo seja quem for, pois ainda que não seja um crente, saiba que ele pode vir a ser.

UMA LEVE E MOMENTÂNEA TRIBULAÇÃO


Às vezes passamos por sofrimentos físicos que parecem nos ser insuportáveis. Sentimos que não aguentaremos e nosso único desejo é acabar com a dor. Aparentemente as dores espirituais não doem tanto quanto as dores físicas, pois estas são muito mais evidentes. E elas podem ser um indicativo da necessidade de um cuidado maior consigo mesmo.

Seja o tipo de sofrimento que for sempre lembre-se das palavras de esperança do Apóstolo Paulo: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” (2 Coríntios 4:17-18).

Em uma hora de dor e sofrimento tudo perde o sentido e nos agarramos ao que há de essencial. É possível perceber que precisamos de poucas coisas para sermos felizes e que geralmente estamos a correr atrás daquilo que é fútil e inútil. “Mas um coisa só é necessária” saber que existe o Senhor, que nos ama e socorre.

Com esta certeza aprendemos a suportar o frio e o calor, a ter fartura e a ter fome, abundância ou necessidade, pois podemos suportar todas as coisas em Cristo que nos fortalece (Filipenses 4,12-13).

FELIZES NAS TENTAÇÕES


O apóstolo Tiago (Tg 1,2) nos ensina a termos grande alegria pelo fato de sermos muito tentados. Como é que pode ser uma coisa dessas? Quanto mais formos tentados devemos ter ainda mais alegria? Sim, é o que ele afirma explicando que a tentação leva à perseverança, no entanto é necessário que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim de que sejamos perfeitos e íntegros (Tiago 1, 3-4).

Dentre outras coisas que têm em comum, os grandes personagens do cristianismo passaram por diversas tentações. Mas só se pode afirmar que eles de fato eram felizes sofrendo as tentações porque tinham a certeza da fé em Jesus Cristo como salvador.

Assim aconteceu com Antônio do deserto, considerado um dos precursores do monasticismo. Ao resolver em seu coração dedicar toda a sua vida à contemplação de Deus, foi tentado para que abandonasse tal projeto. O inimigo o tentou com pensamentos, imagens, memórias, desejos e etc. De todo modo Antônio foi tentado a desistir de seguir a voz de Deus, que o chamava a uma vida totalmente voltada para Deus.

Como ele vencia tais combates? Simplesmente usando de sabedoria, ele seguia a Palavra de Deus. Ao invés de inventar seu próprio caminho ele simplesmente trilhou aquele que já fora traçado por Jesus. Ao imitar a Cristo e ao invocar a sabedoria divina, Antônio apenas permanecia naquela fé que havia recebido. Transformava a palavra em ação e vivia e a fé pelas obras. Lembremos o que Tiago ainda nos diz: “Tu tens fé e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem as obras e eu mostrarei a fé pelas minhas obras” (Tg 2, 18). Se assim levamos nossas vidas, realmente seremos felizes nas tentações.