segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CRISTIANISMO SIMPÁTICO



“Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” Romanos 12,15.

“Lembrai-vos dos prisioneiros, como se vós fôsseis prisioneiros com eles, e dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo.” Hebreus 13,3

Jesus nos ensinou a “regra de ouro” afirmando e vivendo conforme o preceito de fazer aos homens tudo aquilo que gostaríamos que fizessem a nós (Mateus 7,12). Claro que não pretendo reduzir o poder do Evangelho, nem mesmo a fé cristã a um modo de se comportar, pois a ética cristã só existe pelo fundamento na fé no Senhor Deus, santo e todo poderoso, em seu Filho Jesus Cristo e no Espírito Santo.

O que importa neste momento é ressaltar a expressão empática e simpática do cristianismo.  Segundo a regra de ouro, nós devemos agir conforme aquilo que é bom para mim e para o outro. Mas para isso acontecer é necessária uma conformidade de sentimentos, uma simpatia entre ambos; pois não pense que basta saber o que é bom pra mim e fazê-lo ao outro, já que nem sempre o que é bom para o outro é bom pra mim também e vice-versa.

Pelas diferenças pessoais e divergências de opinião, pode parecer que nunca haverá acordo entre as pessoas. Mas há, em Cristo, a possibilidade desta comunidade se realizar. Os versículos citados acima, de Romanos e de Hebreus, apresentam um modo tão simples de vivermos a orientação dada por Jesus.

Chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram, mais do que uma expressão de simpatia, é uma forma de empatia. É o exercício de se colocar na pele do outro, uma capacidade humana tão natural, mas dada por Deus e por Ele promovida.

Comece por lembrar que as mesmas aflições do próximo podem ter sido as suas, ou algum dia poderão ser. Lembre-se do outro como se ele fosse você, pois ele de fato é; já que em Cristo não há mais essa diferença.

domingo, 30 de setembro de 2012

SOLTANDO O VERBO



“Sabe, porém, o seguinte: nos últimos dias sobrevirão momentos difíceis. Os homens serão egoístas, gananciosos, jactanciosos, soberbos, blasfemos, rebeldes com os pais, ingratos, iníquos, sem afeto, implacáveis, mentirosos, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres do que de Deus; guardarão as aparências da piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Afasta-te também destes.” 2Timóteo 3,1-5

Hoje em dia tem se tornado comum classificar um autor por um pequeno trecho de sua obra, que, apesar de representativo, não expressa a total complexidade de seu pensamento. Querem censurar Monteiro Lobato e até Machado de Assis classificando-os de racistas e coisas piores.

Os politicamente corretos se apressarão em taxar o apóstolo Paulo de fundamentalista e preconceituoso ao lerem o capítulo três da segunda carta a Timóteo. Não sem razão, pois sua interpretação é reducionista e falaciosa. Reducionismo que tem se tornado comum, mas que leva à corrupção e também à distorção da Palavra de Deus.

O Apóstolo continua: “Pois virá um tempo em que alguns não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, segundo os seus próprios desejos, como que sentindo comichão nos ouvidos, se rodearão de mestres. Desviarão os seus ouvidos da verdade, orientando-os para fábulas” (2Timóteo 4,3-4). Parece que Paulo fala diretamente conosco e estas palavras não poderiam ser mais atuais. Ele solta o verbo, não mede palavras, mas as usa como terapia.

Depois de anunciar a diagnose profética, elas agem como um remédio, restabelecem a saúde e o equilíbrio espiritual. Desse modo, o Senhor prescreve: “Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como certo; tu sabes de quem o aprendeste. Desde a tua infância conheces as sagradas Letras; elas têm o poder de comunicar-te a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Timóteo 3, 14-15). Guardemos a Palavra.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ONDE ESTÁ O SÁBIO?



“Onde está o argumentador deste século? Deus não tornou louca a sabedoria deste século? Com efeito, visto que o mundo por meio da sabedoria não reconheceu a Deus na sabedoria de Deus, aprouve a Deus pela loucura da pregação salvar aqueles que crêem. Os judeus pedem sinais, e os gregos andam em busca de sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, que, para os judeus, é escândalo, para os gentios é loucura, mas, para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, é Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” 1Coríntios 1,20-25

No presente trecho, o Apóstolo faz uma contraposição da sabedoria de Deus e a sabedoria segundo os homens. No capítulo dois da mesma carta ele ressaltou que sua pregação aos Coríntios nada tinha da persuasiva linguagem de sabedoria, mas era uma demonstração de Espírito e poder, para que a fé daqueles se baseia-se no poder de Deus e não na sabedoria dos homens (1Co 2,4-5).

Este contraste continua a aparecer nos versos seguintes, nas expressões: sabedoria de Deus e sabedoria deste mundo; homem psíquico e homem espiritual; sábio e louco. Paulo alerta, ninguém se iluda julgando ser sábio aos olhos do mundo, pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus (1Co 3,18-19).

Seguindo o desejo insaciável por sucesso, aplicamos à igreja, e à própria vida, as dicas dos gurus da auto-ajuda, as experiências de outros, e até o conhecimento científico. Está na moda aplicar ao dia a dia a física quântica (quem sabe o que é isso!?).
Ao que crê basta a sabedoria de Deus. Para ser sábio basta ser fiel e não ir além do que está escrito (1Co 4,2 e 6).

terça-feira, 28 de agosto de 2012

QUAIS SÃO SUAS PREMISSAS?




Recentemente vi um debate no qual todos estavam um pouco exaltados, pois discutiam um polêmico assunto. Depois de várias falas, eis que levantou uma voz que ao clamar por clareza e coerência definiu as premissas sobre o objeto em questão. Certamente isso ajudaria em qualquer debate, mas estabelecer as premissas também limita o diálogo, pois não se poderá mais repetir bobagens sem compromisso algum. A despeito de tais premissas o debate seguiu, pois não havia interesse em se acertar os ponteiros.

Somos alertados por filósofos e teólogos que um pequenos desvio no início de um pensamento pode levar a um grande erro no final. O que também pode resultar em ações erradas, desviantes e pecaminosas. Reconhecer as próprias premissas é saber onde se pisa. Reconhecer o fundamento é também saber para onde se vai. É reconhecendo Cristo como nosso fundamento que sabemos para onde estamos indo.

“Já estou crucificado com Cristo. Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20-21). É dessa premissa que devem partir todos os nossos pensamentos e ações. Tudo tem que passar por este crivo, pois quando nos recusamos a aceitar o que Cristo estabeleceu rejeitamos a premissa maior, o próprio Jesus.

De fato, Cristo é muito mais do que uma frase ou qualquer pensamento que usamos em um debate. Ele é caminho, a verdade e a vida e ninguém poderá ir ao Pai a não ser por ele. Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto (1Coríntios 3:11). Portanto reveja suas premissas.

LIVRES PARA SERVIR




“É para liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes portanto, e não vos deixeis de novo ao jugo da escravidão.” Gálatas 5:1

Escrevendo aos Gálatas, o Apóstolo Paulo exalta o fato de que todo aquele que crê em Cristo vive livre. “É para a liberdade que Cristo nos libertou” ele afirma, e quando escreveu aos Colossenses foi ainda mais direto: “Se morrestes com Cristo para os elementos do mundo, por que é que vos sujeitais, como se ainda vivêsseis no mundo, a proibições como não pegues, não proves, não toques? Tudo isso está fadado ao desaparecimento por desgaste, como preceitos e ensinamentos dos homens.” (Col 2:20-22)

Até nos parece que podemos viver a fazer qualquer coisa que nossa vontade quiser. Esta é uma falsa impressão e uma distorção do Evangelho. Dentre os cristãos parece haver uma tendência crescente de se dar asas à liberdade e usá-la para satisfazer os próprios deleites. Tem sido comum o hábito de se resolver os dilemas assim: se estiver bom para ambas as partes, então tudo está certo. No entanto, nossa liberdade é guiada por e para Cristo. Tendo sido ressuscitados com Cristo procuramos as coisas do alto, nelas pensamos e por elas nos guiamos (Col 3:1-2).

Lembremos que Paulo esclarece que a liberdade não deve servir de pretexto para atender aos nossos próprios desejos, nem deve atender às aspirações da carne. No uso da liberdade que Cristo nos deu, nos colocamos à serviço uns dos outros por amor, pois todo mandamento se cumpre em amar ao próximo como a si mesmo (Gl 5:13-14).

Somos livres sim. Para amar, servir, viver e aproveitar tudo o que há de bom. Para isto, basta conduzir a vida pelo Espirito, pautar todas as ações pelo Espírito (Gl 5:25). No uso da liberdade devemos simplesmente viver como Cristo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

QUEBRANDO PEDRAS


“Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10:31).
“Que fazer irmãos? Quando estais reunidos, cada um de vós pode cantar um cântico, proferir um ensinamento ou uma revelação, falar em línguas ou interpretá-las; mas que tudo se faça para a edificação!” (1Coríntios 14:26)

Nos dois trechos acima, o Apóstolo Paulo remete à prática dos preceitos de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, dados por Jesus (Mateus 22:37-39). Todas as nossas ações devem ter por objetivo a glorificação de Deus e a edificação do meu próximo. Mas nem sempre temos essa boa disposição nas tarefas que realizamos no dia-a-dia.

Um peregrino estava pelo caminho e então se deparou com um homem a quebrar pedras. Ao perguntá-lo sobre o propósito daquele trabalho, o homem esbravejou que não havia coisa melhor pra fazer, que era um miserável e continuou a reclamar de sua condição. O peregrino seguiu viagem.

Não demorou muito para encontrar outro homem a realizar a mesma tarefa. O peregrino então perguntou se ele estava quebrando pedra. Apesar de tão óbvia resposta o homem respondeu vigorosamente que na verdade estava a ganhar o sustento de sua família. Aproveitando a pausa conversaram um pouco mais e o peregrino continuou seu caminho.

Para sua surpresa, o peregrino se deparou com mais um pedreiro. Chegou até a imaginar a resposta do homem, ainda assim perguntou o que ele estava fazendo. Ao virar-se, com um sorriso no rosto, o homem disse: “Estou construindo uma grande catedral!”

“Assim, irmãos bem-amados, sede firmes, inabaláveis, fazei incessantes progressos na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.” (1Coríntios 15:58)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A PEDRA VIVA




Na Palavra de Deus várias imagens metafóricas são atribuídas a Jesus para explicar suas qualidades. Uma das mais recorrentes e populares é a de Jesus como rocha. Tal imagem nos remete diretamente a ideia de fundamento e estabilidade, tal qual aparece em trecho do Evangelho (Mateus 7, 24).

Os apóstolos Pedro e Paulo também falam de Cristo como pedra angular (confira abaixo). A expressão contém dois sentidos: a de pedra fundamental e a de pedra de esquina. Jesus como pedra fundamental representa a base, o firme fundamento da vida de todo cristão; como pedra de esquina, aquela que dá o ângulo de contorno, do desenho do edifício, Ele dá forma ao nosso viver.

Como pedra fundamental, Jesus é o início de toda obra. Como pedra de ângulo, Ele dá traça toda a arquitetura, o fim da obra. E ainda mais, como pedra viva Ele movimenta a obra, não deixando que ela permaneça estática.

A orientação do apóstolo Pedro é que também sejamos pedras vivas, seguindo a mesma forma de Jesus.

1PEDRO 2, 4-6.
“Chegai-vos para ele, a pedra viva, rejeitada, é verdade, pelos homens, mas diante de Deus eleita e preciosa. Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual, dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo. Com efeito, nas Escrituras se lê: ‘Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; quem nela crê não será confundido’.”

EFÉSIOS 2, 20-22.
“Estais edificados sobre o fundamentos dos apóstolos e dos profetas, do qual é Cristo Jesus a pedra angular. Nele, bem articulado, todo o edifício se ergue como santuário santo, no Senhor, e vós, também, nele sois co-edificados para serdes habitação de Deus, no Espírito”.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O ESPELHO DA VERDADE



1Coríntios 13,12: “Porque agora vemos como em espelho, obscuramente; então veremos face a face. Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido.

Ao descrever “o caminho sobremodo excelente” o apóstolo Paulo deixa evidente que o amor é meio pelo qual o cristão deve pautar sua vida. É através do amor que todos os dons devem ser exercidos. Na verdade, nenhuma de nossas ações, por mais bondosas que sejam, terá qualquer valor se não estiverem fundamentadas no amor.

É claro que Paulo se refere ao amor sublime, o amor ágape, o amor divino. Nós o conhecemos em Cristo. Deus nos mostrou o seu amor ao entregar o seu Filho amado para que nós tivéssemos a vida eterna.

Ao escrever sobre o amor Paulo também tratou a respeito do processo de deformação que sofremos ao longo do tempo. Um dia nós falávamos e pensávamos como crianças; ingenuamente acreditávamos no amor de nossos pais e que eles cuidariam de nós. Mas depois que crescemos tudo o que era próprio da criança desapareceu.

Já não cremos com a mesma força, não nutrimos a esperança de que alguém possa nos amar. Então adoecemos e vamos sobrevivendo do jeito que der. Olhamos para o espelho e a imagem que lá está é a figura deformada de nosso ego. Vemos obscuramente um rosto distorcido pelo pecado. Mas Deus tem algo mais a nos mostrar, a imagem de seu Filho.

Havendo Jesus nos alcançado procuremos a imagem de Cristo em nós, cuja restauração Ele vem promovendo. Pois só nos resta buscar o estado de perfeição, a medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4,13).

domingo, 22 de julho de 2012

CONVIVENDO COM O MAL


“Resista ao diabo e ele fugirá de você” Tiago 4,7

Há quem queira uma cura para todo o mal do mundo. Há quem afirme que isso não é possível e, como não podemos aniquilá-lo, só nos resta conviver com mal. Mas de que modo?

Somos capazes de percebê-lo principalmente quando se apresenta na forma de ações. No entanto, o mal pode exercer uma influência sutil, que não percebemos inicialmente, mas que certamente dará maus frutos; para a nossa infelicidade.

É preciso ficar atento à vida, atento ao Cristo, é preciso ser sóbrio e vigilante, pois o adversário está à nossa cola querendo nos derrubar (1Pe 5,8). No entanto, não há motivo algum para pânico, pois o apóstolo Tiago nos ensina como lidar com o mal ou com a personificação dele. Resista ao diabo e ele fugirá de você (Tiago 4,7). Este é um versículo muito popular e muito aplicado às diversas situações em que somos tentados.

Mas será que isto é assim tão simples? Não, eu diria que é ainda mais simples. Já ouvi repetirem este versículo até à exaustão, mas, do modo como apareceu, ele não passa todo o recado. Está incompleto.

“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós”; aí está a Palavra completa. Desse modo é ainda mais simples vencer o mal, pois não se trata de superá-lo pelas próprias forças, mas de surpreendê-lo pela submissão àquele que é o Todo Poderoso.

Se nossa submissão não for completa nossa comunhão em Cristo também não será. E o mal poderá nos vencer. No combate diário contra o mal nossas vitórias serão contadas a partir da sujeição a Deus. Esta começa e permanece através de duas práticas muito simples: oração e meditação na Palavra. Então já chega de meias palavras.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

ILUSÃO E TEATRALIDADE



Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o diabo anda em derredor, rugindo como o leão, buscando a quem possas tragar.” (1Pe 5,8)


Para quem mora nas cidades sempre há várias opções de lazer, seja fora de casa ou dentro de casa. Teatro, cinema, televisão, internet, vídeo game, quanta coisa para nos distrair. Somos a sociedade do entretenimento, e isto é compreensível haja vista o estresse diário ao qual somos submetidos. No trabalho, em casa, na rua, geralmente enfrentamos situações que consomem nossas energias e nos deixam tão desgastados que só queremos fugir. É neste momento que entram em cena as opções de escape da realidade.

Não há nada de errado em divertir-se ou buscar entretenimento. O problema surge quando ficamos tão absorvidos pelas distrações a ponto de nos alienarmos de nós mesmos, do nosso próximo e do mundo. Na verdade o pior é alienar-se de Deus. Pois é Ele quem promove nosso bem-estar à medida que nos relacionamos com Ele.

Ao contrário do que se pensa, o cristianismo não é uma religião alienante. Não é uma religião de fuga da realidade, mas de enfrentamento da mesma. Jesus Cristo nos deu uma nova vida, de saúde e libertação do pecado, de modo que temos os meios para superar os sofrimentos que o mundo nos causa (João 17).

Manter a vigilância não é um mero conselho, mas é uma qualidade que compõe a vida cristã. A imagem do bom pastor demonstra isso; atento às ovelhas e vigilante ao que lhe cerca, é um modelo a ser imitado. Não deixemos que as ilusões do mundo ou sua teatralidade nos distanciem do nosso Senhor. Lembremos do conselho do Bom Pastor: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Na verdade espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26, 41).






segunda-feira, 9 de julho de 2012

REMOVER PARA RENOVAR




É comum disfarçarmos nosso relaxamento moral com a humildade. Explico, nos desculpamos por não buscarmos a santidade reafirmando que somos pecadores. No final das contas estamos apenas dando de ombros e repetindo o mote: as coisas são assim mesmo. Então facilmente vemos o relaxamento se transformar em estagnação, simplesmente paramos a vida. Adoramos cantar: “Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...”


Contraposta a esta postura está a evangélica. Em Cristo temos a oportunidade de sermos transformados, de aperfeiçoados e amadurecermos. É a obra que Deus iniciou em nosso viver por meio de Cristo e que devemos continuar.

É como nos diz o apóstolo Paulo: “Não andeis mais como andam os demais gentios, na futilidade dos seus pensamentos, com o entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus pela sua ignorância e pela dureza dos seus corações.” (Efésios 4,17-18).

Não há como ficar parado ou continuar a se desculpar por não cumprir a vocação para qual todos fomos chamados. Pois se realmente ouvimos a Cristo, nele fomos ensinados a remover o nosso modo de vida anterior, isto é, o velho homem que se corrompe ao sabor dos enganos. Assim fomos ensinados a renovar-nos pela transformação espiritual da nossa mente, construindo uma nova pessoa criado segundo Deus para viver imitando a Jesus Cristo (veja Efésios 4,21-24).

Se queremos uma vida renovada é necessário remover tudo o que há do velho homem.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO

Em tempos de pluralismo e afirmação de identidades religiosas, é possível enxergar uma certa timidez da parte de cristãos. Cedendo às pressões sociais alguns se calam e até parecem ficar constrangidos em afirmar a própria fé. Isto tem afetado principalmente os mais jovens, que preferem manter em anonimato a fé cristã para não serem tidos como idiotas, ignorantes ou algo parecido. É verdade, o crente também sofre preconceito.

Também é nosso direito afirmar a fé em Cristo. Na verdade temos a obrigação de anunciar a Boa Nova, a Salvação em Cristo, o amor de Deus por todos e também o arrependimento dos pecados.

Ao anunciar a fé em Cristo, o Apóstolo Paulo acabou proclamando uma definição para Evangelho: “Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.” (Romanos 1, 16)

Sem receio ou vergonha é urgente que anunciemos o Evangelho e tenhamos bom ânimo, ainda que venham obstáculos à missão, pois Jesus venceu o mundo (João 16,33).

DEIXANDO-SE GASTAR

“Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais seja menos amado.”
2 Coríntios 12,15

É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem: “Eu não me desgasto mais com isso”. Ninguém quer se desgastar com nada, por isso ninguém quer se comprometer com nenhum assunto a fim de evitar qualquer desgaste. Tentamos evitar o inevitável, pois eventualmente todos nós, necessariamente, encontraremos situações de conflito. É como se fosse possível viver uma vida sem ter nenhum arranhão. Simplesmente impossível!

Ao evitarmos essas situações evitamos também as pessoas. Na verdade, são elas que nós evitamos, as pessoas. No entanto, é justamente ao encontro delas que devemos ir, pois o chamado de Cristo é que proclamemos o Evangelho a toda criatura (Mc 16,16). ora não é possível cumprir a vontade de Deus e o chamado de Cristo evitando-se as pessoas. Não é possível viver esta responsabilidade se carregamos sempre o receio de nos aborrecermos.

O apóstolo Paulo em sua atuação missionária mostrou-nos um profundo, e verdadeiro, compromisso com a missão dada a ele por Deus. Pregando o Evangelho, apesar dos pesares, suportando todos os sofrimentos (Fp 4,13) e entregando-se por completo a Cristo.

Escrevendo à igreja de Corinto, em poucas palavras, Paulo parece resumir uma disposição cristã, que deve sem dúvida ser também a nossa. A disposição para amar. É o amor que se realiza não pela nossa virtude, nem pelas qualidades do outro, mas que se realiza pelo poder de Deus em nós. Porque o Espírito nos empurra a amar.

Mesmo sofrendo acusações e duras críticas em relação ao seu ministério, Paulo reafirma o amor àqueles irmãos ao dizer que, de boa vontade, se gastaria e se deixaria gastar. Não importava o que aconteceria, não importava o que eles fariam ou afirmassem, o amor não mudaria. Este é o amor de Deus revelado em Cristo, pois ainda que amemos a Deus cada vez menos Ele continuará a nos amar cada vez mais.

Imaginem que tragédia seria, se Jesus resolvesse não se desgastar.


O QUE É ACEPÇÃO DE PESSOAS


Frequentemente ouvimos na igreja a frase: “Deus não faz acepção de pessoas”. No entanto, este e outros temas da fé, ainda que muito batidos, não são devidamente entendidos. Uma palavra que quase nunca usamos: acepção, isto é, sentido, significado, interpretação, entendimento, compreensão. Veja que estes significados não clarificam a expressão, pois será que “Deus não faz interpretação de pessoas”?

Por força do uso sabemos que, quando se refere a pessoas, a palavra acepção quer dizer escolha, predileção por alguém. Mas será que Deus não tem predileção por ninguém? Será que Deus não escolhe ninguém? É claro que não ficamos à vontade em declarar que Deus concede privilégios a uns e não a outros, mas este é outro problema.

Quanto à expressão: “Deus não faz acepção de pessoas”, o sentido dela é que Deus não leva em conta a aparência ao julgar. Ainda que esta célebre frase apareça em diversas partes da Bíblia com certas variações, quando Paulo escreve aos Gálatas (Gl 2,6) a interpretação aqui apresentada é certa pelas palavras gregas usadas e sobretudo pelo contexto.

Paulo fala a respeito de irmãos em Jerusalém que eram tidos como “notáveis”, mas que nada lhe acrescentaram. Na verdade ele nem se importava com isso, pois para Deus não a aparência não é nada.
Que para nós a aparência também não importe, mas que aprendamos a ver Cristo no próximo seja quem for, pois ainda que não seja um crente, saiba que ele pode vir a ser.

UMA LEVE E MOMENTÂNEA TRIBULAÇÃO


Às vezes passamos por sofrimentos físicos que parecem nos ser insuportáveis. Sentimos que não aguentaremos e nosso único desejo é acabar com a dor. Aparentemente as dores espirituais não doem tanto quanto as dores físicas, pois estas são muito mais evidentes. E elas podem ser um indicativo da necessidade de um cuidado maior consigo mesmo.

Seja o tipo de sofrimento que for sempre lembre-se das palavras de esperança do Apóstolo Paulo: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” (2 Coríntios 4:17-18).

Em uma hora de dor e sofrimento tudo perde o sentido e nos agarramos ao que há de essencial. É possível perceber que precisamos de poucas coisas para sermos felizes e que geralmente estamos a correr atrás daquilo que é fútil e inútil. “Mas um coisa só é necessária” saber que existe o Senhor, que nos ama e socorre.

Com esta certeza aprendemos a suportar o frio e o calor, a ter fartura e a ter fome, abundância ou necessidade, pois podemos suportar todas as coisas em Cristo que nos fortalece (Filipenses 4,12-13).

FELIZES NAS TENTAÇÕES


O apóstolo Tiago (Tg 1,2) nos ensina a termos grande alegria pelo fato de sermos muito tentados. Como é que pode ser uma coisa dessas? Quanto mais formos tentados devemos ter ainda mais alegria? Sim, é o que ele afirma explicando que a tentação leva à perseverança, no entanto é necessário que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim de que sejamos perfeitos e íntegros (Tiago 1, 3-4).

Dentre outras coisas que têm em comum, os grandes personagens do cristianismo passaram por diversas tentações. Mas só se pode afirmar que eles de fato eram felizes sofrendo as tentações porque tinham a certeza da fé em Jesus Cristo como salvador.

Assim aconteceu com Antônio do deserto, considerado um dos precursores do monasticismo. Ao resolver em seu coração dedicar toda a sua vida à contemplação de Deus, foi tentado para que abandonasse tal projeto. O inimigo o tentou com pensamentos, imagens, memórias, desejos e etc. De todo modo Antônio foi tentado a desistir de seguir a voz de Deus, que o chamava a uma vida totalmente voltada para Deus.

Como ele vencia tais combates? Simplesmente usando de sabedoria, ele seguia a Palavra de Deus. Ao invés de inventar seu próprio caminho ele simplesmente trilhou aquele que já fora traçado por Jesus. Ao imitar a Cristo e ao invocar a sabedoria divina, Antônio apenas permanecia naquela fé que havia recebido. Transformava a palavra em ação e vivia e a fé pelas obras. Lembremos o que Tiago ainda nos diz: “Tu tens fé e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem as obras e eu mostrarei a fé pelas minhas obras” (Tg 2, 18). Se assim levamos nossas vidas, realmente seremos felizes nas tentações.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

QUAIS PEDRAS CLAMARÃO?


Nesta semana que passou aconteceu no Rio de Janeiro, e em outras cidades, a “marcha das vadias”. Em meio aos protestos, uma infeliz entrou na Igreja de Nossa Senhora de Copacabana com os seios de fora. Dizem que naquela hora ocorria a missa das crianças. A indignação foi total, mas o escândalo não deu em nada; apesar de contrariar frontalmente a ordem, o bom senso e a lei. O escândalo, digo o protesto seguiu com outras irreverências: uma mulher vestida de freira; cartazes com os dizeres “Jesus ama as vadias!”; teve até um rapaz travestido que invadiu o pátio frontal de uma Igreja Universal. Ousadia sem limites.

Na internet choveram palavras de apoio ao movimento, que estaria se manifestando contra a violência sexual cometida às mulheres. Entre essas palavras estavam diversas outras que explicitamente promoviam o ódio contra a religião, isto é aos cristãos. Todos querem malhar o Judas, todos querem malhar a Cristo. Cheias de coragem, ninguém pôde deter as “Vadias”.

Coragem maior e ousadia virtuosa estavam em Paulo e Barnabé. Odiados por pregarem o Evangelho, eram expulsos de algumas cidades, ultrajados e caluniados em outras. Em Icônio, depois de pregarem em uma sinagoga, uma grande multidão abraçou a fé cristã (Atos 14). Mas havia um grupo que continuava incrédulo e por isso colocava os gentios contra os missionários.

Após percorrerem outras cidades, mais uma vez sofreram perseguições e Paulo chegou a ser apedrejado (Atos 14,19). Qualquer um pensaria que o mais sensato a fazer seria nunca mais voltar àquelas cidades. No entanto, Paulo e Barnabé voltaram à Listra, Icônio e Antioquia; confirmavam o coração dos discípulos e os encorajavam a permanecer na fé. Eles diziam que: “É preciso passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus” (Atos 14,22).

Quem é o servo que está disposto a passar qualquer contrariedade, ou sofrimento, ou perseguição para pregar o Evangelho? Os apóstolos ficaram calados? Os missionários silenciados? E quanto a nós? É certo que se os servos se calarem as vadias clamarão.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

ILUSÃO E DESVIO



Seguindo o comando divino, Paulo e Barnabé saíram de Antioquia e se dirigiram à Chipre. Havendo chegado em Salamina eles anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas (Atos dos Apóstolos 13).

Depois disso seguiram viagem e desceram na ilha de Pafos. Nela havia um homem prudente que se interessou em ouvir a palavra de Deus; era o procônsul Sérgio Paulo. Apesar de seu interesse ele era impedido por um mago, um falso profeta, que tentava afastá-lo da fé.

Ao perceber a situação, Paulo enfrenta o mago com autoridade espiritual, isto é, cheio do Espírito Santo e repreende fortemente o mago: (...) “Eis que agora o Senhor fez pesar a sua mão sobre ti. Ficarás cego, e por algum tempo não verás mais o sol.” No mesmo instante o mago ficou cego e procurava quem pudesse ajudar-lhe. Ao ver o que aconteceu, o procônsul ficou muito impressionado com a doutrina do Senhor e assim abraçou a fé.

Há várias pessoas que se interessam pelo cristianismo, de um modo ou de outro, e em algumas delas parece brotar a fé. No entanto, os magos contemporâneos estão de prontidão. Eles atacam a fé de qualquer um, sobretudo a dos neófitos, a fim de manter a servidão através de seus ilusionismos. Quem os enfrentará? Aqueles que anunciam o Caminho, a Verdade e a Vida.

Assim como Paulo, todo cristão deve assumir uma postura firme diante das ilusões promovidas mundo afora, deve ser um inconformado e anunciar com autoridade a salvação em Jesus Cristo. Mas isso só acontece quando de fato buscamos a Deus, quando estamos cheios do Espírito, pois o poder e a autoridade são dEle, não nossos. Basta a nós buscarmos a plenitude do Espírito (Efésios 5,18).

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A IGREJA UNIVERSAL


Pedro estava na casa de Simão, um curtidor. Num certo dia, enquanto lhe preparavam uma refeição, ele subiu ao terraço para orar e caiu em êxtase. Ele teve uma visão na qual vários tipos de animais apareciam e uma voz lhe dizia para comê-los. Mas reconhecendo a impureza de alguns animais, Pedro se recusa. Mas Deus lhe diz por três vezes: “Não chames impuro o que Deus declarou puro” (Atos 10,11-16).

Imediatamente pensamos que a visão de Pedro trata tão somente sobre a pureza dos alimentos ou se refere a qualquer discussão relacionada ao seguimento das restrições alimentícias contidas na Lei mosaica. No entanto, os acontecimentos seguintes nos dão uma outra dimensão dessa visão.

Depois desse evento, Pedro seguiu para a casa do centurião Cornélio. Um encontro programado por Deus e que revela um sentido mais amplo da visão do Apóstolo. Havendo Cornélio se jogado aos pés de Pedro, este porém o reergueu dizendo: “Levanta-te. Eu também sou apenas um homem.” E logo depois Pedro afirmou: “Vós sabeis que é absolutamente interdito, um judeu relacionar-se com um estrangeiro ou entrar na casa dele. A mim, porém, Deus acaba de mostrar que a nenhum homem se deve chamar profano ou impuro.” (At 10, 28)

Vê-se que o próprio Pedro entendeu que sua visão não se referia exatamente à pureza alimentícia, mas às distinções entre as pessoas. Deus o mostrou que o simples fato de ser judeu não significaria uma posição mais elevada, ou melhor, aos olhos do Senhor. E Pedro ainda disse mais: “Verifico que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, lhe é agradável.” (At 10, 34-35)

Pedro testemunhou a ação do Espírito Santo sobre os gentios e comunicou tudo o que ocorrera aos demais apóstolos e irmãos da Judeia. Mesmo tendo ficado surpresos, eles reconheceram que “os gentios também haviam recebido a palavra de Deus”. Terminado o relato do Apóstolo eles tranquilizaram-se e glorificaram a Deus dizendo: “Deus, portanto, concedeu também aos gentios a conversão que conduz à vida!”

Eles compreenderam a amplitude universal do amor de Deus, do Evangelho, da Igreja.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

SANTA CEGUEIRA

A conversão de Paulo de Tarso é uma das cenas mais dramáticas narradas no livro de Atos dos Apóstolos (capítulo 9). Mas só entenderemos a gravidade da ocasião se lembrarmos de que antes de sua conversão era conhecido como Saulo e que “respirava ameaças e intenções de morte contra os discípulos do Senhor”. Ele era movido pelo ódio, pediu cartas às sinagogas da cidade de Damasco para que tivesse autoridade para prender os discípulos, fossem homens ou mulheres.

À caminho daquela cidade, de repente, foi envolvido por uma luz vinda do céu. Ele ouviu a voz do Senhor a dizer-lhe: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Era Jesus, o Cristo, a lhe falar. Havendo ficado cego, permaneceu três dias sem ver, sem comer, sem beber. Só obteve a cura depois que Ananias, um discípulo em Damasco, lhe impôs as mãos e disse: “Saulo, meu irmão, quem me envia é o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, a fim de recuperares a vista e ficares repleto do Espírito Santo”. A partir de então, em tudo o que fazia, era movido pelo amor a Deus e a seu Filho.

Seria bom que de vez em quando ficássemos cegos. Sem ver com os próprios olhos aprenderíamos a ver com o coração, isto é o que importa. Porque “o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”. Como bem disse Antoine de Saint-Exupéry.

Que o amor de Cristo em nós cegue qualquer sombra de ódio que ainda carregamos. Depois de curados por Cristo sejamos nós também curadores, assim como Saulo.

terça-feira, 17 de abril de 2012

ENTENDES O QUE LÊS?


Encontro memorável foi aquele do apóstolo Filipe com o Eunuco (Atos do Apóstolos 8). Movido pelo Espírito Santo, Filipe pôs-se a caminho em direção a Gaza. Por uma estrada deserta, sem vacilar, ele obedeceu e partiu sem saber o que lhe aconteceria.

No meio da estrada, mais uma vez o Espírito Santo fala com Filipe e diz a ele que corra e pegue o carro que avistara. O Apóstolo se depara com um alto funcionário do Reino da Etiópia, que lia um trecho do Profeta Isaías. Filipe inicia o diálogo: “Entendes o que lês?” E responde o Eunuco: “Como poderia se não há quem me explique?” E convidou Filipe para subir ao carro, o Apóstolo lhe anunciou a boa nova de Jesus.

Neste episódio percebemos o quão importante é compreender a Palavra de Deus e daqueles que nos ensinam ela. Na explicação de Jesus sobre a parábola do semeador (Mateus 13, 23) Ele deixa que claro que quem dá fruto, e muito fruto, é aquele que ouve e entende a Palavra. Compreender a Palavra que se lê é condição para uma vida abundante em Cristo.

Uma última orientação: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos falaram a Palavra de Deus, e atentando para o êxito de sua carreira, imitai-lhes a fé. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente.” (Hebreus 13, 7-8)

domingo, 8 de abril de 2012

QUE TEM A VER ATENAS COM JERUSALÉM? (09-04-2012)

A célebre pergunta feita por Tertuliano: “Que tem a ver Atenas com Jerusalém?” serve para ilustrar o quanto que a crença na própria razão pode nos afastar da fé em Cristo. Foi, na verdade, uma forma dele expressar seu pensamento: filosofia e teologia não se dão.

No entanto, Paulo utiliza elementos desses dois ramos do saber para anunciar a Cristo. Paulo era um cosmopolita, capaz de conversar com qualquer um, mas sempre com o intuito de que fosse pregado o Evangelho. Falou a Judeus (Atos 13), a pagãos (Atos 14) e também a filósofos (Atos 17).

Em Atenas, falou a estes últimos sobre a Ressurreição. As primeiras reações são de interesse. Filósofos estóicos e epicureus o abordavam para saberem mais à respeito daquilo que ele anunciava; Jesus e a Ressurreição (Atos 17, 16-18).

Depois ele foi levado ao Areópago. Paulo encontrou na religiosidade grega um impulso para sua pregação. Ele tinha visto um altar com a inscrição: “Ao Deus desconhecido” e disse aos gregos: “O que adorais sem conhecer, isto venho eu anunciar-vos”. Então ele continuou seu discurso, que é permeado por referências a filósofos (17,28).

Embora Dionísio, Dâmaris e outros tenham se tornado crentes, a reação geral dos atenienses parece não ter sido tão boa quanto à primeira, pois ao ouvirem sobre a ressurreição dos mortos, alguns começaram a zombar de Paulo e já não queriam mais ouvi-lo (Atos 17,32-34).

Será que uma reação como esta poderia vir de crentes? Não aceitar a Ressurreição? Esquisito, mas possível; e até mesmo comum em meios que supostamente são mais intelectualizados. Ainda que a Ressurreição pareça loucura para alguns, para os que crêem em Cristo ela é imprescindível e real. Caso contrário, seria ilusória a nossa fé, ainda estaríamos mergulhados em nossos pecados e seríamos os mais dignos de compaixão dentre todos os homens (1Coríntios 15, 17-19).

Façamos como aquele Dionísio, que aprendeu a caminhar pela fé e reconheceu as limitações da razão.

O SHOW DE SIMÃO

Em Samaria vivia Simão. Ele praticava magia e vivia a iludir o povo com seus truques. As pessoas ficavam tão fascinadas que não só lhe davam crédito, mas também criam que seus atos eram uma expressão do poder de Deus (Atos 8, 9-26).

No entanto, esta mesma gente foi tomada por intensa alegria ao ouvir falar e presenciar tudo aquilo que era operado pelo poder de Deus através de Filipe (Atos 8, 1-8). Simão então percebeu que havia “mágica” mais poderosa do que a sua, um poder muito mais grandioso. Por isso acreditou e aderiu à pregação de Filipe.

Sabendo disso, os apóstolos Pedro e João foram à cidade e começaram a orar com as mãos impostas sobre os que tinham sido previamente batizados; tudo isso para que recebessem o Espírito Santo. Simão ao ver a situação ofereceu dinheiro em troca do recebimento de tal poder.

Pedro lhe respondeu: “Pereça o teu dinheiro e tu com ele, porque acreditaste ser possível com dinheiro comprar o dom de Deus! Nesta questão não tens parte nem herança, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Penitencia-te, pois, de teu mau desígnio, e ora ao Senhor; talvez te seja perdoado este pensamento de teu coração, porque eu te vejo em amargura de fel e nos laços da iniquidade”.

Este episódio ficou especialmente famoso na segunda metade da Idade Média, pois se disseminara a prática de compra de cargos eclesiásticos; a simonia. Ainda que pareça um problema distante, um olhar acurado saberá enxergar que esta heresia, e talvez outras, são revividas em alguns arraiais, em pleno século XXI.

ESTÊVÃO E AS PEDRAS


Dentre os homens escolhidos pelos Apóstolos para servir as mesas se contava Estêvão. Diácono, de boa reputação, cheio do Espírito Santo, cheio de sabedoria, cheio de fé. Servo bom e fiel.

Estêvão também se mostrava cheio de graça e de força, pois realizava grandes sinais entre o povo. No entanto, alguns adversários discutiam com ele. Sem poderem resistir ao Espírito e à sabedoria que o levavam a falar, disseram mentiras para que pudessem prendê-lo. Ao ficar diante de todo o Sinédrio o rosto de Estêvão se tornou como o de um anjo (Atos 6, 8-15).

Ele dá início a um brilhante discurso em sua defesa invocando a própria história de Israel, os presentes ficaram indignados e rangiam os dentes contra Estêvão. Porém, ele olha para o céu e cheio do Espírito Santo disse: “Eu vejo os céus abertos e o Filho do Homem de pé à direita de Deus”.

A reação dos seus acusadores é cheia de ódio, dando altos gritos eles taparam os ouvidos partem pra cima de Estêvão e começam a apedrejá-lo. A reação de Estêvão é apenas uma invocação: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”; e um clamor: “Senhor, não lhes impute este pecado”. E então ele adormeceu.

A melhor resposta ao ódio é o amor. Deixemos que o amor de Deus em Cristo Jesus guie nossos atos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

COMO SE ESCOLHE UM BOM GARÇOM

No início da igreja houve um problema pontual que foi sabiamente solucionado pelos apóstolos. Tendo aumentado o número dos discípulos surgiram reclamações, por parte dos cristãos helenistas, contra os cristãos hebreus, pois as suas viúvas eram esquecidas durante as celebrações.

A fim de acabar com o problema os Doze Apóstolos convocaram uma assembleia. Lembraram que não deveriam eles se desviar da tarefa das orações e da pregação da Palavra. Perceberam que a escolha de ajudantes seria necessária. São escolhidos sete homens para servirem como diáconos, isto é serviçais, mordomos, garçons!

Uma tarefa simples, servir as mesas, porém os apóstolos são extremamente criteriosos na escolha dos tais.  Eles procuraram por “sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria”, são muito exigentes para uma tarefa aparentemente banal.

Mas não há nada de banal em servir a Deus e as qualidades que estavam naqueles devem estar também em todos que creem. Vale a pena lembrar que os Apóstolos escolheram aqueles homens no intuito de “permanecerem assíduos à oração e ao ministério da Palavra. Louvemos a Deus pelos que servem e também pelos pastores.

segunda-feira, 12 de março de 2012

GAMALIEL E O BEIJA-FLOR


No capítulo cinco do livro dos Atos dos Apóstolos é narrada a surpreendente intervenção do sábio Gamaliel no Sinédrio, que estava a julgar os apóstolos. Eles haviam sido proibidos de ensinar em nome de Jesus, mas continuavam a fazê-lo. Pois como Pedro mesmo o disse: “É preciso obedecer antes a Deus que aos homens.”

Diante da insistência dos apóstolos, Gamaliel apresenta um sábio conselho aos demais doutores da Lei: “Agora, portanto, eu vos digo, não vos ocupeis destes homens: deixai-os. Pois, se a sua intenção ou a sua obra provém de homens, destruir-se-á por si mesma; mas se, ao invés, verdadeiramente vem de Deus não conseguireis arruiná-la. Não vos exponhais ao risco de combater contra Deus.” Gostaria de aplicar este conselho à vida cotidiana.

Certa vez uma beija-flor fez ninho no lustre da varanda, onde eu morava. Dia após dia eu observava os cuidados da mãe com o seu filhote, mas notei que ela sumira e já se passara dois dias. Então saí em socorro ao filhote, pesquisei quais seriam os cuidados necessários e, confiante, dei-lhe uma pequena dose de água com açúcar, conforme fora recomendado. Após a “medicação”, o filhote não deu mais sinal de vida. Quanta tristeza e quanto peso. Logo depois, chegou a mãe; mais peso e mais tristeza.

Minha pretensão em achar que sabia mais foi fatal; só então raciocinei com verdadeira sabedoria e entendi que se eu não tivesse interferido Deus cuidaria deles, então o fim não seria trágico. Há situações em que o melhor a fazer é entregar à Providência e não tentar consertar aquilo que  já funciona bem.

sábado, 3 de março de 2012

A IGREJA E SEUS CONTRASTES


No livro de Atos, na passagem do quarto capítulo para o seguinte, vemos uma enorme discrepância de atitudes de duas personalidades bem conhecidas por nós. Trata-se de Barnabé e de Ananias.

Ambos venderam propriedades para dar o dinheiro como oferta à igreja. Barnabé levou todo o dinheiro aos pés dos apóstolos, Ananias mentiu e ficou com uma parte do dinheiro. Barnabé, “filho da consolação”, continuou a servir e a honrar o nome de Cristo pregando o evangelho aos gentios. Ananias, “o Senhor assegurou”, serviu aos seus próprios interesses e morreu.

A oferta de Barnabé foi dada em gratidão a Deus, a de Ananias foi uma ofensa ao Espírito Santo. Sobre ambos estava derramada a graça de Deus, mas cada um retribuiu diferentemente.

Assim é a igreja, casa de oração para todos os povos, cheia de contrastes, pessoas que vem e vão; algumas assumem o compromisso, outras não.

quinta-feira, 1 de março de 2012

COM TODA OUSADIA. (27-02-2012)


É admirável a coragem dos apóstolos Pedro e João. Tudo o que outrora testemunharam de Cristo eles falavam ao povo. Pregavam a vida eterna e a ressurreição em Cristo Jesus, e por isso foram presos (Atos 4,2-3). Mesmo enfrentando adversidades, lemos que muitos se convertiam ao ouvir a pregação apostólica; seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de cinco mil!

Os apóstolos faziam questão de ressaltar que era em nome de Jesus que realizam as obras maravilhosas. Suas ações exaltavam e honravam o nome de Jesus Cristo. Eram homens notáveis, porém humildes, iletrados, sem posição social (Atos 4,13). Eles foram proibidos de falar e ensinar em nome de Jesus, mas em seus corações sabiam que importa mais obedecer a Deus do que a homens. Não podiam deixar de falar das coisas que viram e ouviram (Atos 4,20).

Sob novas ameaças eles foram soltos e depois de relatarem aos outros irmãos o ocorrido, unânimes, todos elevaram a voz a Deus. O que eles pediram? Que o Senhor lhes concedesse que continuassem a anunciar a Palavra com toda ousadia e que os acompanhassem os sinais milagrosos operados pelas mãos de Deus (Atos 4, 29-30).

Ao enfrentar obstáculos tão grandes, ameaças contra suas próprias vidas, os apóstolos pediam mais. Mais ousadia, mais milagres, mais serviço para prestarem a Deus. Com toda ousadia queriam sempre mais.

QUE VENHA O REFRIGÉRIO! (20-02-2012)


Numa tarde, Pedro e João foram ao templo orar. Se depararam com um aleijado, quando ele os viu implorou por esmolas, mas Pedro lhe respondeu: “Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o nazareu, põe-te a caminhar!” E aquele homem andou (Atos 3, 1-10).

Pedro não tinha nada a oferecer a não ser a fé em Cristo, e os presentes viram esta fé se manifestar em um milagre. O homem curado entrou com eles no Templo e pôs-se a andar, saltar e louvar a Deus (Atos 3, 8-9). Quem poderia conter a alegria do milagre?

Como aquele homem não os largava, Pedro dá uma palavra ao povo que, admirado, os olhava. Dentre outras coisas ele esclarece que foi graças a fé no nome de Cristo que o homem foi curado (Atos 3,16). E continua: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados, e deste modo venham da face do Senhor os tempos do refrigério.” (vs. 19-20).

Queremos o refrigério de Deus? Então, com fé em Jesus Cristo, seremos assim abençoados a partir do momento em que cada um de nós se afastar das suas maldades (v. 26).

HOMENS CHEIOS DE DEUS (13-02-2012)

Em Atos dos Apóstolos, capítulo 2, lemos sobre um evento que sempre dá o que falar. O Espírito Santo se manifestou de modo surpreendente ao descer sobre os apóstolos e conceder-lhes que falassem em diversas línguas. Muitas pessoas de diversas regiões e com idiomas diferentes ouviram os apóstolos pregarem em suas próprias línguas.

Naquele momento, o Senhor promovia a união entre os homens eliminando a tão problemática barreira da linguagem. Sem entender alguns pensaram que os apóstolos estavam bêbados: “Estão cheios de vinho doce!” (v. 13). Na verdade estavam cheios de Deus, embriagados de Deus.

Cheio da presença de Deus, Pedro começou a pregar. Os que o ouviram sentiram o coração ser atravessado por aquelas palavras (v. 37) e cerca de três mil pessoas se converteram (v. 41).

Estando cheios de Deus, aquelas pessoas passam a viver de modo diferente; repartindo tudo, eles eram como uma Igreja deve ser, tinham tudo em comum (v. 42-47). Enchei-nos ó Deus para que sejamos esta Igreja.